BLOG: LOGĂSTICA REVERSA E SEUS CANAIS DE DISTRIBUIĂĂO

O crescimento dos mercados globais, o aumento da competitividade e as influĂȘncias de tecnologia, obsolescĂȘncia e a modernidade estĂŁo causando significativos impactos na rotina das organizaçÔes, ainda mais quando se trata de logĂstica reversa.
Estas mudanças ocasionaram o aumento da necessidade de integração das operaçÔes comerciais e de transporte e planejamento, momento em que foi percebida a capacidade da logĂstica em criar valor para o cliente, o que fez com que a atividade tomasse um papel essencial na otimização dos recursos e na modernização das tĂ©cnicas de gestĂŁo e de produção das empresas.
O foco antes dedicado exclusivamente Ă obtenção de vantagem competitiva em embalagem, desenvolvimento de novos produtos e redução de custos de matĂ©ria prima, hoje passou a ser ampliado, pois a grande maioria dos produtos disponĂveis no mercado hoje nĂŁo Ă© totalmente consumida.
Com o aprimoramento dos conceitos e das ferramentas logĂsticas ocorreu um processo de especialização visando atender uma necessidade crescente de gestĂŁo eficiente do fluxo de retorno de produtos e materiais. A partir deste momento o fluxo inverso da cadeia de suprimentos passou a fazer parte das competĂȘncias logĂsticas, sem perder seu foco: satisfação dos clientes.
O descarte adequado de resĂduos de materiais nĂŁo utilizados, embalagens e produtos com componentes quĂmicos estĂŁo caracterizando um grande desafio Ă s organizaçÔes, e seu impacto sobre a sociedade e meio ambiente fazem do tema um caso de extrema relevĂąncia.
Entre as alternativas de destino a estes materiais, existe a reciclagem, o reprocessamento e devolução ao mercado, ou ainda, no caso de não haver mais utilidade do material, o descarte pela deposição em algum depósito definitivo na forma de lixo. O processo de movimentação destas mercadorias se då através de canais de distribuição especiais.
Ă notĂĄvel o crescente interesse pelo assunto convencionalmente chamado de âlogĂstica reversaâ, contudo ainda poucos autores se dedicaram a pesquisa e desenvolvimento de material cientĂfico sobre o tema.
Este tema, nos Ășltimos anos, vem ganhando força e, consequentemente, gerando uma maior conscientização da sociedade. Tal situação se reflete na aprovação e na revisĂŁo permanente de uma legislação adaptada aos modos de produção e de consumo sustentĂĄveis, que visam minimizar os impactos causados pelas atividades produtivas ao meio ambiente.
A logĂstica reversa tem conquistado maior importĂąncia e espaço na operação logĂstica das empresas, principalmente por seu potencial econĂŽmico.
1.   CaracterizaçÔes da LogĂstica Reversa
A logĂstica reversa Ă© uma ĂĄrea/função bastante ampla, que envolve todas as operaçÔes relacionadas com a reutilização de produtos e materiais. HĂĄ, por exemplo, atividades logĂsticas de coletar, o desmonte e o processo de produtos ou materiais e de peças usadas, a fim de assegurar uma recuperação sustentĂĄvel dos mesmos e para que nĂŁo prejudiquem o meio ambiente REVLOG (2005).
O foco de atuação da logĂstica reversa envolve a reintrodução dos produtos ou materiais Ă cadeia de valor por meio de sua reinserção no ciclo de produção ou de negĂłcios. Portanto, somente em Ășltimo caso um produto pode ser descartado.
Na LogĂstica tradicionalmente realizada, parte-se de um fabricante e define-se o caminho atĂ© o consumidor final. De forma simplificada, a LogĂstica Reversa trata do caminho inverso, no qual o produto tem como ponto de partida os inĂșmeros consumidores, com destino ao fabricante.
Desta forma pode-se verificar a primeira caracterĂstica do processo: o desafio de reunir produtos disseminados entre milhares de clientes para retornarem a um mesmo fabricante. As empresas cada vez mais investem em campanhas sociais e buscam comprometer-se com o meio ambiente e com a saĂșde. Assim as empresas estĂŁo sendo obrigadas a repensar suas estratĂ©gias comerciais e seus produtos, pois sua imagem Ă© diretamente afetada caso seu produto cause danos Ă sociedade.
2. A LogĂstica Reversa e seus Canais de Distribuição
Apesar da literatura ainda ser bastante restrita sobre o tema, existem algumas definiçÔes, conceitos e nomenclatura de LogĂstica Reversa bem aceitos em geral que apresentamos a seguir.
A logĂstica reversa apresenta diversas definiçÔes que foram evoluindo ao longo do tempo. Algumas delas apresentamos abaixo.
âLogĂstica reversa Ă© um amplo termo relacionado Ă s habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resĂduo de produtos e embalagensâŠâ (CLM, 1993:323, Apud: Leite, 2003).
âLogĂstica reversa: em uma perspectiva de logĂstica de negĂłcios, o termo refere-se ao papel da logĂstica no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resĂduos, reforma, reparação e remanufaturaâŠâ (Stock, 1998:20, Apud: Leite, 2003).
âO Processo de planejamento, implementação e controle da eficiĂȘncia e custo efetivo do fluxo de matĂ©rias-primas, estoques em processo, produtos acabados e as informaçÔes correspondentes do ponto de consumo para o ponto de origem com o propĂłsito de recapturar o valor ou destinar Ă apropriada disposiçãoâ (Rogers e Tibben-Lembke, 1999:2, Apud: Leite, 2003).
âLogĂstica reversa cuida dos fluxos de materiais que se iniciam nos pontos de consumo dos produtos e terminam nos pontos de origem, com o objetivo de recapturar valor ou de disposição finalâ (Novaes, 2004: 54).
Adotaremos neste documento a definição de logĂstica Reversa de Leite (2003:16), assim definida: âentendemos a logĂstica reversa como a ĂĄrea da logĂstica empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informaçÔes logĂsticas correspondentes do retorno dos bens de pĂłs-venda e de pĂłs-consumo ao ciclo de negĂłcios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econĂŽmico, ecolĂłgico, legal, logĂstico, de imagem corporativa, entre outrosâ.
Desta forma, a logĂstica reversa tem como objetivo, segundo Leite (2003), tornar possĂvel o retorno dos bens ou de seus materiais constituintes ao ciclo produtivo ou de negĂłcios, agregando valor econĂŽmico, ecolĂłgico, legal e de localização. Ainda segundo Novaes (2004) a logĂstica reversa tem dois objetivos distintos: (1) recapturar valor; e (2) oferecer disposição final.
Estas atividades visam 3 finalidades: reciclagem, reprocessamento ou descarte. Entende-se como reciclagem a transformação de componentes/materiais usados para serem reincorporados na fabricação de novos produtos. Este Ă© o exemplo do aço: a sucata de produtos descartados Ă© misturada ao mĂnimo de ferro em indĂșstrias siderĂșrgicas.
Sob a Ăłtica da reciclagem e preservação do meio ambiente, alguns autores citam a logĂstica reversa como logĂstica verde. A indĂșstria de latas de alumĂnio Ă© notĂĄvel no seu grande aproveitamento de matĂ©ria prima reciclada, tendo desenvolvido meios inovadores na coleta de latas descartadas.
Nos casos em que a reciclagem é anti-econÎmica ou hå excesso de oferta no mercado, é necessårio garantir o descarte de forma segura para a população e meio ambiente.
Existem ainda outros setores da indĂșstria onde o processo de gerenciamento da logĂstica reversa Ă© mais recente, como na indĂșstria de eletrĂŽnicos, automobilĂstica e de produtos radioativos. Estes setores tambĂ©m tĂȘm que lidar com o fluxo de retorno de embalagens, de devoluçÔes de clientes ou do reaproveitamento de materiais para produção.
Tendo como foco o reprocessamento para ampliação do ciclo de vida do produto/embalagem, podemos citar como exemplo os fabricantes de bebidas. Estes tĂȘm que gerenciar todo o retorno das garrafas dos pontos de venda atĂ© seus centros de distribuição.
Uma situação diferenciada trata de empresas terceiras que tĂȘm como objetivo de negĂłcio a reciclagem de materiais para um novo processo produtivo, independente do fabricante original. Podemos citar exemplos de produtos inseridos neste cenĂĄrio como sendo pneus, cartuchos de tinta de impressoras, garrafas pet, etc., que nĂŁo voltam para sua indĂșstria de origem, mas sim sĂŁo fontes de matĂ©ria prima para indĂșstrias completamente diferentes.
No caso de latas de alumĂnio a logĂstica reversa ocorre para reciclagem dos produtos. As latas sĂŁo recolhidas, sofrem compactação em volumes menores e retornam para os fabricantes. Esse processo se deve ao alto custo do metal.
Ă importante que, neste estĂĄgio, conceituemos a vida Ăștil de um bem como sendo o tempo decorrido desde a sua produção original atĂ© o momento em que o primeiro possuidor se desembaraça dele. Esse desembaraço pode ocorrer pela extensĂŁo de sua vida Ăștil, com novos proprietĂĄrios ou pela disponibilização por outras vias, como a coleta de lixo urbano, as coletas seletivas, as coletas informais, entre outras, passando-a Ă condição de bens de pĂłs-consumo (Leite, 2003).
As duas grandes ĂĄreas de logĂstica reversa, tratadas de forma independente pela literatura, sĂŁo diferenciadas pelo estĂĄgio ou fase do ciclo desta vida Ăștil do produto retornado. Esta diferença se faz necessĂĄria, pois o produto logĂstico, os canais de distribuição reversos em que os produtos percorrem, os objetivos de negĂłcio e, por fim, as tĂ©cnicas operacionais utilizadas em cada ĂĄrea de atuação, sĂŁo distintos.
A logĂstica reversa de pĂłs-venda Ă© ĂĄrea de atuação da logĂstica que se ocupa do equacionamento e operacionalização do fluxo fĂsico e das informaçÔes logĂsticas de bens de pĂłs-vendas em uso ou com pouco uso, os quais por diferentes motivos retornam aos diferentes estĂĄgios das cadeias de distribuição direta. O objetivo do negĂłcio desta ĂĄrea da logĂstica empresarial Ă© agregar valor a um produto que Ă© devolvido por razĂ”es comerciais, erro no processamento dos pedidos, garantia dada pelo fabricante, defeitos ou falhas de funcionamento, avarias no transporte, etc..
Por outro lado, a logĂstica reversa de pĂłs-consumo Ă© a ĂĄrea de atuação da logĂstica que equaciona e operacionaliza o fluxo fĂsico e as informaçÔes correspondentes de bens de consumo que sĂŁo descartados pela sociedade e que retornam ao ciclo de negĂłcios ou ao ciclo produtivo por meio dos canais de distribuição reversos especĂficos.
Bens de pĂłs-consumo sĂŁo bens em fim de vida Ăștil, ou usado com possibilidades de reutilização, e os resĂduos industriais em geral. O objetivo de negĂłcio desta ĂĄrea da logĂstica Ă© agregar valor a um produto logĂstico constituĂdo por bens sem interesse de uso ao proprietĂĄrio original ou que ainda possuam condiçÔes de utilização, por produtos descartados no final de sua vida Ăștil e por resĂduos industriais.
Um tĂłpico a ser explorado, diz respeito Ă utilização de prestadores de serviço no processo de logĂstica reversa. Como esta Ă© uma atividade onde a economia de escala Ă© fator relevante e onde os volumes do fluxo reverso sĂŁo ainda pequenos, uma opção viĂĄvel se dĂĄ atravĂ©s da terceirização.
Como estĂĄ a logĂstica reversa na sua empresa? Gostou das nossas dicas? Conte pra gente pelos comentĂĄrios e atĂ© a prĂłxima!
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